Normalmente estariam os dois tão atarefados e como sempre atrasados que mal às vezes trocam cartões. Assim é que um fica sabendo o que é feito da vida do outro.
Sabe que quando encontro um amigo assim, rapidamente, me passa a impressão de que não o encontrei, não o vi, e tenho imensa saudade dele. Mas tenho certeza também de que a mesma sensação fica com ele. Como seria bom se a gente pudesse se atrasar mais um pouquinho.
Vocês poderão até achar um disparate eu dizer de que gostaria muito de ir até o café da fofoca e tomar uns dois ou três sentado com ele a uma mesa e trocando coisas de nossas vidas. Se fosse sábado ou final de dia de semana, até convidar para uma caipirinha ou cervejinha gelada com tira gosto no meu barzinho de ponto. Seja para o cafezinho ou para o aperitivo, ou para nenhum dos dois até, pouco importa se o papo fosse de cotovelo escorado no balcão. Pensando bem, fico imaginando a inveja que causaríamos aos outros por nossa conversa, alta e sem segredos, falando das famílias ou lembrando-se dos amigos da turma que nunca mais vimos ou de quem, quem sabe, um possa dar notícias ao outro. Como seria bom poder jogar conversa fora, depois de tanto tempo.
De qualquer maneira, os abraços de encontro e despedida, seriam os mais importantes de nossas vidas, deles poderemos contar para nossa gente e para outros que encontrarmos um dia, e dele também dar noticias para alguém. Quem sabe por que cargas d’água, nunca mais nos vejamos e aquele encontro fique também na gaveta da saudade de nosso passado.
Por falar na gaveta da saudade de nosso passado, vocês já notaram como ela nunca fica cheia? A minha parece estar sempre jogando sobras pela boca, mas a cada vez que a abro, descubro uma nova. Normalmente as gavetas cheias sempre ficam pesadas e difíceis de abrir, mas vocês já prestaram a atenção de que a da saudade, sempre parece leve? Pelo menos a minha, sim. E outra coisa interessante. As saudades mais novas sempre teimam em ficar bem na boca. Porque será, hein? Talvez porque seja mais difícil se livrar delas do que das mais antigas, embora estas quando aflorem...
Por isso, se amanhã lhe encontrar pela rua e estiver atrasado, faça como eu. Atrasado cinco, atrasado dez... Porque afinal de contas pode ter certeza, de que...
Poxa! Como será bom, muito bom, lhe ver de novo!
Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante, membro da AGEI, Associação Gaúcha dos Escritores Independentes. Esta coluna está em mais de oitenta jornais impressos e eletrônicos no Brasil e Exterior. Obrigado à todos que têm enviado emails(ajrs010@gmail.com) . Visite nosso Canal no You Tube, (ajorgefalaserio) em Pesquisar, com as crônicas Fala Sério em Vídeo.
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