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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Borboletas!

Talvez seja por ter observado há poucos dias o vôo inconsistente e indefinido de uma borboleta, tentamos e não conseguimos recordar mesmo dos tempos de infância, de uma caída sem vida. Para onde será que vão as que estão prestes a falecer? Como já são tão poucas as que encontramos mesmo na primavera, fica a quase certeza de que essa tristeza não se terá com tanta facilidade. Por outro lado devemos lembrar da figura quase poética ou patética dos caçadores de borboletas com seus sacos de filó ou renda, que a cada captura pareciam ter alcançado um grande troféu. Mas imaginemos que um desses caçadores fosse uma jovem mulher e que chegasse um dia a uma intensa floresta, e seguindo os vôos irregulares de seus alvos, se deparasse com uma clareira de baixos arbustos tomada por centenas ou milhares, como se num grande e programado encontro mundial de borboletas. Aquela sua possível rede agora não serviria mais para captura, mas para descanso da cabeça, enquanto sentada em uma pedra, via a chegada de mais borboletas, e ela precisava acompanhar tudo, já que logo do imenso farfalhar se fez silêncio para dar lugar ao quase imperceptível tilintar das asas de uma pequena borboleta branca com pintas de várias cores, destacando entre elas azuis, vermelhas, amarelas e verdes, que se disse chamar Saudade. Ali estava disse ela, porque trazia em seu corpo e asas a marca dos amores e alegrias que teriam se ido, depois de ter tido o carinho, o amor, a paixão, e a felicidade. Com o passar do tempo, prosseguiu, acabei ficando sozinha. Por exemplo, o Amor me trocou pela Paixão, com ele levando o Carinho e a Felicidade. Mas acredito mesmo que antes de o Amor ter partido, eu tenha deixado escapar o Desejo. Lá do meio veio uma voz que perguntou: “E você não fez nada?” Só mais tarde continuou a Saudade, é que entendi que por viver sempre de recordar acabei primeiro por mandar embora o carinho, logo depois deixei de alimentar o desejo, por fim, abri caminho para que o amor e paixão também se separassem de mim e por fim, perdi a felicidade. E assim posso até dizer que não fiz nada para nada, e o Amor um belo dia me disse que estava indo embora a procura da Paixão, e foi. E ainda agora continuo à espera que algum dia volte.



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Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante, membro da AGEI, Associação Gaúcha dos Escritores Independentes. Esta coluna está em mais de oitenta jornais impressos e eletrônicos no Brasil e Exterior. Obrigado à todos que têm enviado emails(ajrs010@gmail.com) . Visite nosso Canal no You Tube, (ajorgefalaserio) em Pesquisar, com as crônicas Fala Sério em Vídeo.

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